Vai o marinheiro pôr no mar
a mala grande de herói
que embarca todos os dias
e segue na derrota sem velas
nem casa de navegação.
Vai fechando os olhos aos anos desertos
esmigalhando nas mãos
as horas que lhe envelhecem a vigília
e como criança no encantamento de uma fantasia
dá a direcção de mar largo
ao pauzinho que põe na água.
Olhos postos na hora grande
duma partida que inventa mastros cabos,
companheiros de viagem de várias falas,
qual virgem que espera até às rugas
o momento do amor...
ou figura antiga na contemplação mística
dum sonho sonhado
(o mar porta aberta dum fruto quase proibido)
inclina-se com a brisa e sonha
que não está sonhando!
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